Entrevista - Anderson Silva

O Blog do Futmesa Capixaba está fazendo a terceira entrevista mensal, e este mês escolhemos o botonista Anderson Silva para conversar, nada mais justo ser ele o convidado, porque já vem prestando um bom tempo de trabalho como Diretor Técnico da ABC e Federação.

Espero que gostem da entrevista e em breve teremos mais.

Quanto tempo joga futebol de mesa? Qual time de coração e qual seu time de botão?
Anderson: Comecei a jogar botão em 1982, quando tinha 10 anos. Nesta época eu já acompanhava meu pai na associação que ficava em Jucutuquara (perto do clube Anchieta) e lá conheci Rubinho, Moscoso, Rodrigo Aboudib, Serginho, Zé Maria, Barroca, dentre outros. Num certo dia eu e papai fomos à casa de Cesar Barros (ex-fabricante de botões aqui de Vitória) e ele me deu umas sobras que tinha lá. Foram 11 jogadores, todos diferentes uns dos outros, aos quais dei o nome de "Brejeiros da Tijuca" (este nome tirei de um antigo almanaque de futebol do Zé Carioca, personagem da Disney).
- Jogava botão com meus colegas nos corredores do prédio onde morava, organizava campeonatos entre nós, mas só jogávamos na regra "quantos toques quiser". Na regra baiana, só fui começar a jogar em 1985, nos meus 13 anos, nos torneios da cozinha da ACFM (antiga associação da Praia do Canto). Lá conheci Aloysio, Ricardo Pimentel, Alexandre Barroca (filho de Barroca), Emanoel (sobrinho de Rubinho) e levei Arliss pra jogar lá também.
- Minha estréia no futmesa "profissional" foi no final de 1986, nos meus 14 anos, quando Rubinho me colocou pra jogar numa chave onde tinha Moscoso, Rodrigo Ab., Dr. Helder, Francisco e o próprio Rubens. Logo na minha primeira partida peguei Moscoso e vibrei bastante por ter perdido por apenas 3x1, sendo que nesta partida marquei meu primeiro gol, com Smoralek. Dias depois conquistei minha primeira vitória, em cima de Francisco (vulgo "Peñarol") com um gol de pênalti do mesmo Smoralek, camisa 11.
- Sobre os meus times, joguei como Basf F.M. de 1985 até 1993. De 1993 à 1999 joguei como River F.M., voltando a jogar como Basf F.M. de 2000 à 2005. Após o Brasileiro de Natal em 2005, passei a jogar como E.C. Vitória da Bahia e sigo com ele até hoje e muito feliz.


Sua avaliação sobre o futebol de mesa no Estado?
Anderson: O futmesa do ES mudou bastante de uns 8 anos pra cá. Tivemos uma época muito boa nos anos 80 e início dos anos 90, com Moscoso, Rodrigo Ab., Emmanoel, dentre outros, onde dividíamos com o RJ a hegemonia do futmesa nacional. Coincidentemente (e ironicamente), após a criação da ABC em 1992, o nosso futmesa deu uma caída, salvo alguns momentos com Walter no brasileiro de 95 e Modenese e Rodrigo em brasileiros posteriores.
- Eu credito esta "caída" à desorganização que começou a tomar conta de nosso futmesa nesta época, devido a várias questões. Com a desorganização veio à desistência de várias pessoas e com isso muita coisa se perdeu. Nos campeonatos nacionais, começamos a perder vagas para outros estados, pois sempre íamos aos torneios com apenas 2 ou 3 pessoas apenas e nosso cartaz afundou. Por muito pouco, deixamos de fazer parte do Nordestão devido a estes detalhes.
- Felizmente, de 2001 pra cá as coisas mudaram bastante e hoje já conseguimos recuperar o prestígio e o respeito nacional que tínhamos antigamente. E com o ritmo que o pessoal está hoje, não vai demorar muito para que os títulos nacionais voltem às nossas prateleiras. Até porque o pessoal do Sênior já está fazendo isso...só falta o Especial. Nomes e jogo temos para tal conquista. Inclusive, acho que vamos trazer coisas muito boas do Brasileiro de João Pessoa, este ano. Nosso futmesa hoje está muito forte!


Qual é o título que você considera o seu “xodó”? E qual você quer ganhar ainda?
Anderson: O título que considero meu "xodó" foi o primeiro que ganhei como Vitória da Bahia. Era o Torneio Presépio de Natal de 2005 e só tinha gente boa jogando.
- Na primeira fase eu já estava praticamente fora, quando tudo começou a dar certo e acabei decidindo a vaga para as semifinais, com Emmanoel nos pênaltis, de queixo-duro. Venci, fui às semifinais com Fernando e venci por 2x1 de virada, num jogo de apenas um tempo de 30 minutos. Detalhe: fazia mais de 3 anos que eu não conseguia nem empatar com Fernando, quanto mais vencer!!!
- Na final, num bom jogo contra Rodrigo Ab. no dia do churrasco de confraternização da ABC, venci nos penaltis de queixo-duro com gol de Cleisson, após um emocionante 0x0 no tempo normal. Este título foi importante pra mim por várias coisas, pois foi ali que se criou a maior parte da identidade que tenho com este time do Vitória, o time que "não desiste nunca!"
- Agora, sobre o título que eu mais gostaria de vencer seria, sem dúvida, o Campeonato Estadual. Neste já "bati na trave" duas vezes, principalmente no do ano de 2004.


Qual a importância de ser o Diretor Técnico da ABC e Federação ao logo desses anos?
Anderson: Na verdade este posto de diretor técnico meio que "caiu no meu colo" a partir de 2001. A ABC estava abandonada e quando liguei para o presidente da época, perguntando quando começaria o Campeonato daquele ano, ele me respondeu que não sabia, pois não tinha ninguém para fazer as tabelas...me perguntou se eu gostaria de fazer isso e aceitei.
- Desde então, sempre que peguei pra fazer, fiz com muito orgulho e prazer. Muitas vezes já até atuei de presidente de federação, inclusive numa reunião no Nordestão de Fortaleza em 2001, onde tive de usar vários argumentos para não perdermos a condição de participante do Norte-Nordeste. Apesar de algumas pessoas pensarem o contrário, nunca me senti mais importante em nada na associação...meu intuito é e sempre foi o de ajudar, seja quem for. Sempre procurei fazer isso com todos os que passaram na diretora da ABC e assim vou fazer até o final deste ano, quando deixarei de ser o diretor técnico da associação.
- Sobre a Federação, não sou mais diretor técnico desde o final da penúltima etapa do Municipal deste ano... Acontecimentos muito desagradáveis e injustos me fizeram abandonar o cargo e também me ajudaram na decisão de deixar de ser diretor técnico da ABC. Quando a gente acha que está ajudando, mas as pessoas acham o contrário, é melhor deixar para outro...


Esse é o segundo ano consecutivo de Campeonato ABC com duas divisões, qual o ponto positivo e negativo dessa fórmula de disputa?
Anderson: Achei que o campeonato ficou mais disputado, de uma forma geral. Todos têm chances de alguma coisa, tanto numa divisão quanto na outra. Em 2007 e 2008 eu estava a beira do rebaixamento, lutei de todas as formas para mudar aquela situação e consegui. Acho que rola este mesmo tipo de pensamento tanto para os que disputam as primeiras colocações das duas divisões, quanto para aqueles que não querem ir para a segundona. É emoção e motivação até o fim!!! Em 2009, teremos surpresas no Campeonato ABC?
Anderson: O campeonato deste ano está muito equilibrado e falar em surpresa já nem cabe mais...o nível está muito alto e todos têm chances, mesmo se forem mínimas. Tanto na divisão 01 quanto na 02.


Faltando algumas rodadas para terminar a Série A - Campeonato ABC - você acredita que vai atingir os 50 gols nessa temporada e ainda ser campeão da Série A?
Anderson: Sinceramente, são duas coisas difíceis de comentar...faltam 6 jogos para terminar minha participação no torneio e ainda estou me segurando na ponta. Mas os jogos restantes são complicados e fazer alguma estimativa sobre gols e campeonato se torna quase impossível, dada a qualidade de meus adversários. Meu pensamento no momento é apenas de me segurar na ponta o máximo possível. O que vier depois é conseqüência.


Está em primeiro lugar no Prêmio Artilheiro do Blog algum tempo, já se considera um campeão desse Prêmio?
Anderson: De jeito nenhum! Ainda faltam muitos jogos para vários concorrentes e tudo pode acontecer. O pessoal que vem "no retrovisor" é muito forte e nada está definido ainda. É como eu falei antes: o que vier pra mim é lucro.


O Espírito Santo e a Bahia podem ser considerados potências do futmesa nacional, ou tem algum estado que pode se tornar grande surpresa com o tempo?
Anderson: Hoje considero a Bahia e o nosso estado como os melhores no momento. Existe também o pessoal do Rio Grande do Norte que tem um futmesa muito forte, mas deu uma caída nos últimos anos, até em número de participações em torneios nacionais. Por outro lado, tem o pessoal do Rio Grande do Sul que vem chegando cada vez mais e acho que, em pouco tempo, eles vão ser uma das grandes potências juntamente conosco. Agora, eles têm uma grande vantagem sobre nós aqui do estado: lá existem CENTENAS de jogadores. Nós estamos na continha do chá... Aliás, o número de botonistas faz muita diferença em torneios nacionais. Não é a toa que a Bahia domina o esporte faz tempo...


Qual a sua mensagem para quem joga futebol de mesa aqui no Estado?
Anderson: Para quem está começando, tenha muita paciência com os resultados e sempre procurem olhar os mais experientes com atenção, pois sempre sai muito aprendizado destes.
- Para quem já joga, mas está atrás de vôos mais altos, muita paciência também, pois chegar ao topo já é difícil. Mas se manter lá é mais difícil ainda! Jogar botão é diversão. Então devemos ver o esporte como tal, portanto jogar sempre com prazer é muito importante. Se ficar se cobrando muito, vai ficar mais difícil atingir alguma coisa. E treinar. Sem treino, a coisa fica mais complicada. O resto vem com o tempo. É isso aí.


Gostaria de agradecer ao Anderson por aceitar o convite do Blog Futmesa Capixaba.

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