Arquibancada

O Blog Futmesa Capixaba recebeu um texto muito bacana por e-mail do amigo-botonista Rubens Filho - Presidente da FFUMES, falando da importância de um juíz/arbitro nas partidas de futebol de mesa. Tenha uma boa leitura.

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AS TAREFAS DE UM ÁRBITRO
Escrito por José Ricardo Caldas e Almeida botonista de Brasília-DF

Responsabilidades

Por natureza, o futebol de mesa é um esporte com um desenvolvimento muito rápido, com lances milimétricos e decisões tomadas em poucos segundos.

Para torná-lo ainda mais complexo, as regras do jogo ficam entregues, muitas vezes, á interpretação imediata de uma só pessoa – o arbitro da partida, autoridade máxima, soberana, absoluta, Será correto atribuir-se tanta autoridade a um ser humano impregnado de emoções e sentimentos capazes de provocar, como qualquer um de nós – mais inconsciente do conscientemente, erros de avaliação, de julgamento e de crítica?

Durante o desenrolar de uma partida de futebol de mesa, o árbitro é o condutor e julgador supremo do espetáculo. De acordo com sua disposição física e seu estado emocional, no aqui e agora, de imediato fará interpretações certas ou erradas de qualquer lance. Dispõe do direito de inventar faltas, de advertir o jogador, de irritá-lo, e de mesmo se irritar, de assinalar impedimentos, expulsar botões, marcar pênaltis, anular gols legítimos ou confirmar tentos ilegítimos (até irreais). A repetição de atitudes erradas ou eventualmente parciais do árbitro acaba irritando os técnicos, provoca revolta na torcida e, alimenta comentários e criticas negativas.

Quando o árbitro atua corretamente, sua presença faz-se sentir da maneira pouco ostensiva, e sem provocações. Se, porém, tem atuação infeliz, é logo “condenado” e “sacrificado”. Além de atuação direta na mesa, o árbitro tem ainda o direito de elaborar relatório do jogo, que escrito o seu modo nem sempre é fiel à realidade dos fatos.

Julgar é uma das coisas mais sérias da vida. Julgar com serenidade e imparcialidade requer uma série de credenciais que nem todas as pessoas possuem. Exige dôo julgador uma evolução emocional que nem todos alcançam. Somente uma personalidade evoluída através de anos de experiência bem aproveitada, uma pessoa emocionalmente amadurecida e tecnicamente preparada para o setor, disporá de condições positivas para poder avaliar, equacionar, analisar e melhor acertar em seus julgamentos.

Temos conhecimento de que todas as atividades esportivas, no mundo inteiro, o quadro de evolução fica na dependência de boas arbitragens e assim sendo o futebol de mesa não poderia fugir à regra. O saudoso Antônio Maria Della Torre, que era diplomado pela Escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol e foi presidente da Federação Paulista de Futebol de Mesa, fez uma explanação sobre algumas condições básicas e imprescindíveis para o bom desempenho de um arbitro durante uma partida de futebol de mesa.

O número de botonistas que se dispõe a apitar ainda é reduzido e isso sobrecarrega em demasia “os que topam a parada”. Infelizmente apesar dos muitos apelos feitos, observa-se certa falta de cooperação nesse particular. O técnico, de uma maneira geral, apenas quer jogar e o mais lamentável ainda é que quando se desclassifica nos torneios de grande porte, deixam de comparecer ao local dos jogos, não o fazendo para prestigiar seus colegas de agremiação que por melhores resultados ainda continuam na competição.

O Futebol de Mesa, pela velocidade das peças do jogo (bola – botão), jogado num espaςo relativamente pequeno exige muita atenção dos árbitros que precisam tomar suas decisões rapidamente e assumir a responsabilidade das mesmas. Um árbitro tem ser preciso e firme naquilo que vê e se titubear em qualquer lance, estará não só prejudicando os contendores como sua imagem de mediador. Não se obtém bons resultados na arbitragem se tornarmos a mesma um ato forçado. No quadro dos técnicos podemos encontrar bons, regulares e maus jogadores, porém na arbitragem tal subdivisão não poderá existir. Enquanto o desempenho da arbitragem não merecer o destaque devido, não estaremos contribuindo para sua valorização. Assim como gostamos de apreciar um jogo tecnicamente bem disputado, procuraremos acompanhar os bons árbitros e suas maneiras de agir.

O problema de árbitros e arbitragens é universal, milenar e constante. No futebol de Mesa também e talvez principalmente, ele se acentua de forma alarmante. São várias as razões pelas quais há falta de árbitros (erroneamente chamados de juízes). Entre eles podemos citar:

1.EGOÍSMO: È o fator mais predominante. O técnico recusa-se a cooperar. Ele se acha intocável. Arbitrar uma partida para ele é humilhante. “Onde já se viu EU deixar meu tempo de folga entre uma partida e outra para arbitrar? E sair de casa só para isso então? É uma blasfêmia contra esse ídolo intocável que EU sou?. As desculpas mais ouvidas são eu não gosto de apitar; eu não sei apitar etc. quando a única certa talvez fosse : eu gosto de Futebol de Mesa para jogar. Sou egoísta e não apito. Não sou servil.

2.ESPORTE AMADOR: O Futebol de Mesa é um esporte amador que sobrevive quase que unicamente às expensas de seus praticantes. Não é do nosso conhecimento uma só pessoa que viva do Futebol de Mesa para jogá-lo, quanto mais para servir como árbitro. Assim, os árbitros são sempre aqueles de maior vontade, de maior dedicação real ao esporte e não a si próprio, e com índice menor de egoísmo ou auto-endeusamentos. O Futebol de Mesa não tem verba para pagar árbitros. Todo individuo tem os seus afazeres profissionais, particulares e familiares. Isso impede que ás vezes, mesmo o individuo tendo vontade de comparecer, faça-se presente para arbitrar uma ou mais partidas. Se somarmos então a má vontade, ele não irá nunca.

3.CRUCIFICAÇÃO DO ÁRBITRO: Não raras vezes, o arbitro vai com a melhor das boas intenções e boa vontade para uma arbitragem que acaba virando aventura por causa do mau esportista que, acha-se intocável, não sabe perder ou reconhecer sua derrota, ou melhor não admite uma falha sequer do árbitro. É lógico, isso desestimulará o arbitro, mais anda o principiante.

4.O DEDICADO ACOMODA O DE MÁ VONTADE: Se você tiver que designar um árbitro e tiver duas pessoas somente para pedir que arbitre uma partida, certamente solicitará à de reconhecida melhor vontade para arbitrá-la. É quase certo que ele não se recusará. E a outra pessoa que já não tinha vontade, aumenta em seu pensamento que isso de arbitrar é mais uma obrigação do outro do que dele. “Ele apita melhor do que eu. Ele está por dentro das regras. Os outros preferem a ale mais do que a mim”. É lógico, pois o outro se tornou conhecido arbitrando enquanto o segundo se omitia. Assim, esse problema vai continuar, talvez para sempre. Mas pode-se minimizá-lo, bastando talvez um pouco mais de compreensão e um pouco menos de egoísmo por parte de cada um nós, formando assim um consenso que só nos unirá mais a classe, fará amigos, como também promoverá o esporte. Tem-se procurado sanar o problema com vários tipos de imposições ou estímulos como ganhos ou perda de pontas ou vantagens, prioridades, eliminações, prêmios e tantas outras coisas mais que de um modo ou de outro melhoram um pouco a problemática. Mas, repito somente o consenso sobre os direitos, obrigações e capacidade de cada um seria a fórmula correta. Não seria, contudo uma utopia?

5.OS REALMENTES DESPREPARADOS OU POUCO CAPACITATDOS: Há dentro de nosso esporte, como dentro de todos os esportes, indivíduos que o praticam sem o conhecimento de suas regras. Isso gera polêmica, transtornos, indisposições com colegas e árbitros. Há a necessidade de que cada um saiba as regras do jogo. Então teremos mais árbitros. Contudo, às vezes pelo próprio temperamento do indivíduo, tenra ou avançada idade, problemas físicos e tantas coisas mais, o individuo não tem realmente condições de desempenhar uma arbitragem. E como é grande o numero deles! Não confundi-los, entretanto com os que se fazem passar pro eles. A gente ouve cada uma: “Eu gosto de apitar. Essa foi de um dos melhores técnicos paulistas que, contudo nunca foi visto arbitrando partidas. “Eu tenho medo de apitar”. Essa é de um dos técnicos que mais atritos causam numa mesa de jogo. Há ainda aqueles que na hora de se designar árbitros se escondem. Lembro-me de um que tendo recebido a súmula na mão para arbitrar uma partida, deixou-a na mão e foi se esconder (leia-se ESCONDER mesmo) em dependência outras do prédio onde se realizava os jogos. E tem ainda outra de um excelente técnico que sendo o único disponível no local para arbitrar, quando solicitado, assim se expressou: “Mas eu? “Peça para outro”. “Olhe em volta amigo, não temos outro”. “Olha um ali, peça para ele”. Ocorre que ele não conhecia a pessoa, que por sinal era um entregador de bebidas que apenas deu uma parada para olhar o que para ele era novidade.

As artimanhas

Se você está dentro desse esporte, sabe muito bem de várias artimanhas que alguns técnicos empregam para conseguir vantagens, induzindo o árbitro ou intimidando o técnico adversário. Com um pouco de “cancha”, você que apita partidas, saberá até quando as artimanhas mais usuais de cada um e quem temas tem e as usa ou não. Os sistemas de induzir o árbitro e intimidar adversários são vários. Lembro-me bem das aulas que abrangiam o problema no curso de arbitro que fiz na Federação Paulista de Futebol em 1965, aliais, bem abordados pelo professor Flávio La Zetti. No futebol de mesa o problema também existe, diferindo apenas nos métodos. Então, o arbitro terá que se preocuparem contra as muitas artimanhas, cujas mais usuais citamos a seguir:

- Saída com a bola não colocada exatamente no centro, a fim de ganhar vantagem no posicionamento seguinte do botão que deu saída;
· Colocação de botão em posição que não a correta;
· Encurtamento das distâncias permitidas, normalmente quanto á marcação dos botões adversários;
· Mudança de posição do botão a ser acionado enquanto o adversário arruma o goleiro e o arbitro está com a atenção voltada a outro pormenor;
· Recebimento de informações, tais como tempo de jogo, dadas por terceiros, oralmente ou por sinais;
· Abuso dos tempos permitidos para arrumar o goleiro ou acionar o botão;
· CERA! É bem grande o número de técnicos que fazem “cera”. Existem verdadeiros catedráticos nisso e as maneiras são tantas que CAD dia a gente aprende uma. Há até quem faça uma má jogada de propósito, colocando a bola em local de difícil acesso e custosa saída;
· O técnico, descarada e cinicamente, parte para jogar como se a posse de bola ou reposição de bola em jogo lhe pertencesse clara, cristalina e evidentemente, enquanto que a verdade é bem exatamente o contrário. Com isso intimida o adversário, constrangendo até o próprio árbitro, pouco experiente, a tomar a decisão correta. Os mestres nesses aspectos são muitos, o que faz a gente pensar que exista escola para tanto;
· O técnico, ao deparar com um árbitro sem experiência ou de pouca idade, ou ainda, de pouca fibra, fala firme, reclama de decisões e usa de vários recursos para ganhar a posse de bola ou induzir o árbitro a lhe dar favorável ou lances não muito bem definidos.
· Colocação do goleiro de forma errada, geralmente parcial ou totalmente além da linha de gol, para dificultar a entrada da bola pelo alto;
· Intimidação ou irritação ao técnico adversário com jogadas e gestos agressivos ou com manifestações espalhafatosas de sua jogadas;
· Vibração ou gesticulação comemorando erro do adversário a fim de intimidá-lo ou irritá-lo;
· Colocação das mãos sobre as beiras da mesa quando o adversário esta de posse da bola ou vai chutar a gol;
· Encostar o corpo na mesa de forma a prejudicar o chute a gol do adversário;Fazer gestos ou micagem quando o adversário for chutar a gol.

A de se salientar que todas essas artimanhas são pretensamente camufladas ou atribuídas á distração, vibração espontânea, erro de fato etc, quando bem poucas vezes um técnico já experimentado e bem intencionado se distrai ou erra tanto em suas avaliações em uma partida ou faz dos erros do adversário e espalhafato com seus gols. A função do árbitro é dirigir a partida, indicando os erros e ocorrências e determinando a quem de direito as posses da bola e ainda conduzir a partida num clima de esportividade para que ele caminhe em igualdade de condições e direitos para os dois técnicos, devendo sempre que possível o placar final apontar o resultado que mostre quem teve melhor técnica ou sorte e nunca indicar a vantagem daquele que soube se impor quase que sempre pelas artimanhas. É dever do árbitro ver os dois técnicos como que se tivessem os rostos iguais. Não permita que um tenha a face do gato e o outro o da vitima do gato, o rato.

Recomendações aos árbitros

O problema de árbitros para as partidas de futebol de mesa é geral para todas as regras e para todo o Brasil. Ninguém gosta de ser árbitro e isso por vários motivos entre os quais podemos citar: não há remuneração, é preferível fazer um amistoso ao invés de útil em outro jogo, medo de errar e arrumar confusão ou inimizades e outros tantos mais.

Com muita dificuldade, aplicação de normas punitivas ou incentivadoras, súplicas e coisas parecidas, eis que se conseguem os árbitros para os jogas, Aí então surgem os problemas: o árbitro erra ou acham que tenha errado de propósito, encrencas e discussões e aquilo que estamos acostumados a ver nos torneios por esse Brasil, afora sem exceções. O filósofo que disse “os árbitros foram inventados para ter em quem colocar a culpa dos erros do jogo”, estava em princípio, certo, pois raro o jogo em que o árbitro não é acusado de “erros”, mas que nem sempre são seus e sim dos próprios jogadores.

É certo que somos donos da verdade e que a maioria das encrencas, senão todas elas ocorrem por mera falta de educação e de desportividade. Não temos o dom de educar adultos e sequer acreditamos que devemos fazê-lo, mas vamos dar abaixo algumas regrinhas básicas que os bem intencionados podem usar e que, com ela evitarão confusões desnecessárias;

· Conheça a fundo a regra do jogo. Você, mais que ninguém, deve dominá-las perfeitamente;
· Esteja sempre atento à partida, principalmente nos lances de chute a gol. Não desvie sua atenção do jogo por mínimo que seja;
· Em lances de chutes a gol, coloque-se sempre do lado contrário ao do atacante, mantendo a cabeça ao nível das traves e em posição que divise perfeitamente os vãos entre o goleiro e as balizas e por trás do botão que efetuará o chute. Evite até piscar. Acompanhe atentamente a trajetória de bola reboteada.
· Em jogadas que exijam atenção dupla, como por exemplo, num chute a gol, onde o botão atacante tenha pouco espaço de movimento e possa fazer falta, peça o auxílio de pessoa, a seu ver competente, que esteja nas imediações, par acompanhar a trajetória do botão e verificar se houve nela alguma irregularidade. Acate o veredicto dessa pessoa sem nenhuma restrição.
· Seja sempre cortês, mas mantenha-se ao mesmo tempo e acima de tudo firme e enérgico.
· Nunca demonstre dúvida em lance, mesmo que o tenha. Opte rápido pelo que achar mais provável de ter acontecido, ou seja, por aquilo que sua intuição mais o levar. Determine rápida e firmemente sua decisão. O simples fato de o árbitro falar firme e decidido, sem demonstrar dúvidas, tira todo entusiasmo de qualquer reclamação mesmo que a decisão do árbitro não tenha sido acertada;
· Acolha sempre a opinião de um técnico que estivar abrindo mão de um lance que você lhe deu favorável e que tenha visto de outra maneira em favor do adversário. Atitudes iguais a essa são típicas de perfeitos esportistas e elas nunca serão entendidas ou encontradas nos pseudos-desportistas;
· Puna sempre que isso se fizer necessário. Não se deixe envolver ou enganar por maus desportistas e pelos “fazedores de cera”;
· Atue sempre com imparcialidade e nunca beneficie o infrator. Lembre-se que compensar um erro com outro é errar duas vezes;
· Não coloque suas mãos sobre a mesa de jogo em nenhuma hipótese. Não permita também que o técnico que não esteja com a posse de bola o faça, pois isso tira a segurança do adversário.

Recomendações aos técnicos

- Conheça a fundo as regras de jogo. Só assim você poderá ter bom desempenho e não criará problemas no transcorrer de uma partida;
· Seja sempre cortês e bom desportista. É preferível perder de pé e com a cabeça erguida do que ganhar tendo no seu próprio íntimo a certeza do desmerecimento;
· Seja digno, honrado e honesto, pois a dignidade, a honra e a honestidade são títulos mais valiosos e valem mais do que qualquer troféu do mundo;
· Abdique-se de um lança que o árbitro lhe der favorável por engano, se você assim o perceber;
· Vença também com dignidade, não desmerecendo seu adversário ou alardeando aos quatro ventos sua vitória, pois amanhã pode ser você o derrotado;
· Nunca reclame de decisões do árbitro;
· Não use meios ilícitos para chegar a uma vitória e nem impedir que o adversário a consiga. Jogue limpo para que você possa ter orgulho de sua conquista;
· Lembre-se que a educação cabe em qualquer lugar. Também numa mesa de jogo;
· Aceite com desportividade qualquer das três alternativas que o resultado lhe apresentar: VITÓRIA, EMPATE ou DERROTA;Faça do esporte um meio de formar amigos. Adversário, esportivamente falando, não significa inimigo. Técnica é a execução dos elementos fundamentais do jogo, isto é, de todas as habilidades de que o praticante precisa para se tornar um bom jogador de FUTEBOL DE MESA.


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Espero que todos tenha gostado da leitura e agora é só apitar um jogo para colocar tudo em prática.

publicação: Rodrigo Azevedo / texto: José Ricardo Caldas e Almeida (Brasília-DF) / colaboração: Rubens Filho

1 comentários:

Anônimo disse...

Amigos, excelente texto do Rubens, peço que se possivel mandem para Robson, para ser socializado a todos as federações e por ventura a todos os participantes do Brasileirão que se aproxima. Abraços. Gabriel Melo (Bahia)

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